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Balada


(...)

Os dois estão no carro, arrumados, indo para uma festa 

A noite está fresca, céu aberto. Uma música suave, mas embalada, toca com clima de night. Eles conversam animados, faz tempo que querem ir para uma balada com os amigos. 

Quando estão quase chegando, uma retenção no trânsito força uma parada. Ele olha distraidamente pela janela, apoiando o braço no volante e fica assim alguns segundos. Em seguida, lembra de algum assunto e vira para comentar com ela. 

Ela está com um olhar fixado nele: olha seus braços, seus ombros, seu pescoço, sua boca... quase nada nela se mexe, só os lábios que se comprimem suavemente. 

Ele reconhece aquele momento e esquece o que ia dizer. Fica rindo, levemente nervoso, temendo, esperando...gostando... 

Ela então pula mais perto dele, mete as mãos em suas calças e abre botão e zíper com uma precisão de ninja, enquanto ele facilita, jogando braços e ombros pra trás. 

Ela então enfia a mão pela calça dele e o encontra pulsando. Depois de engolir ele inteiro, com sua boca úmida e aquecida, ela para, levanta o rosto e o aproxima do dele: olho no olho, respiração com respiração. Ele dá uma tremida de tesão e implora:

- Continua, por favor... 

Raspando a boca na boca dele, ela desliza a mão de baixo para cima pelo ventre dele e responde: 

- Eu só queria...conferir... 

E, em seguida, tira as mãos dele, se ajeita de novo no banco, confere a maquiagem no espelhinho do retrovisor, checa a roupa, o olha com uma cara de quem não tem nada com isso, e diz animada: 

- Vamos? Estamos meio atrasados e o trânsito vai começar a andar. 

Ele respira fundo, se recompõe (na medida do impossível) e, sem falar nada, segue para a festa. 

Minutos depois chegam ao local. Ainda na parte externa, depois de alguns minutos de troca de mensagens, finalmente encontram os amigos. Tudo corre bem normal, mas os dois começam a agir como desconhecidos (entre eles), embora fiquem sempre perto um do outro. 

Ele conversa e ri com os amigos, a olhando pelo canto dos olhos, observando as curvas dela na roupa; o jeito que ela mexe o cabelo; que ri, se jogando para o lado; que passa as mãos pelo corpo, ajeitando a calcinha, o decote; mexendo no ombro, tocando de leve aqui e ali... 

Ela sente na pele que ele a está tarando e, em uma fração de segundos, dá uma olhadinha para ele, de cima a baixo, e de novo sobe, olhando em seus olhos, confirmando que a transa dos dois havia apenas começado no carro. 

Ninguém percebe. Ele enlouquece. 

Tudo nela é desejo: o jeito que ela toca os dedos no copo quando bebe, o movimento dos cabelos, o jeito que se balança ao som da música que vem da pista. Ela explora detalhes quase imperceptíveis, mas sabe que o atingem em cheio. 

A noite continua e ela vai ficando cada vez mais charmosa, mais solta e mais gostosa...pra ele.

Ele ao contrário, vai ficando cada vez mais sério, mandíbulas cerradas, ventre explodindo nas calças. Ri forçado e finge prestar atenção em qualquer coisa, enquanto administra a vontade insana de tirar a roupa dela para transarem ali mesmo, com plateia. Imagina os seguranças chegando, sala de delegacia, os dois seminus... 

Ela sabe. 

Animada e sem pressa, chama todo mundo pra pista. Ele também vai, mas não dança. Escolhe um lugar bem perto e fica ali, quieto, observando a dança de cabelos, braços, seios e quadris dela. Tudo parece genérico. Todos estão dançando também. 

Ela brinca, sai e volta com drinks, fecha os olhos, canta pequenos trechos das músicas e, de vez enquanto, dá uma olhada rápida para ele, todo. E o encontra concentrado nela, assistindo aquele show particular para ele no meio da multidão. 

Depois de algumas músicas, suada, mas refrescada e leve pelos drinks, ela decide ir embora. Não se despede, apenas vai em direção à saída, desce as escadas e vai andando entre os carros estacionados. Ele a intercepta no meio do caminho, segura sua cintura com determinação. e a puxa pra ele. Ela deixa. 

Agora é a vez dele de invadir as roupas dela, enquanto a empurra na parede e puxa sua calcinha para o lado. Ela fica quieta e morde os lábios, enquanto ele a olha sério e entra nela, centímetro a centímetro, o mais devagar que consegue, porque está louco de tesão. 

Ela corresponde: o puxa pelas calças, sobe as mãos pelas suas costas, passa pelo seu peito, cruza os braços pelo pescoço dele, e oferece sua língua molhada, safada e ávida. Ao mesmo tempo, dobra e mexe o quadril em direção a ele, o beijando em um ritmo que o deixa ainda mais fora de si. 

Sem ter mais controle da sua própria força, ele a segura com força, morde seu pescoço, chupa seus ombros, volta para a sua boca, puxa seus cabelos pra trás e a pressiona na parede, sem pena. Ela dá um gemido de prazer e consentimento. Ele entra nela mais forte e mete as mãos pelo seu decote, apertando seus seios com força. Eles quase se machucam, querem se consumir...e o fazem...de boca cheia... 

De repente, surgem barulhos do background: risadas, carros saindo, portas batendo...eles se esqueceram de onde estão. 

Quando terminam, se abraçam em silêncio para recuperarem o fôlego e depois saem juntos em direção ao carro. Ela entra, se joga no banco e coloca uma música. Ele liga o carro, olha para ela toda descabelada e desarrumada e os dois riem. Não querem falar nada, estão curtindo ainda... 

Chegam em casa mortos. Tiram as roupas de qualquer jeito. Ela passa um lenço demaquilante no rosto e se joga nos lençóis, só de calcinha. Ele também se joga, nu. 

Já deitados, se procuram, se encaixam e desfalecem...descansando daquele intenso, gostoso e estimulante ensaio...

Photo: Harry Benson

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